Tirem-me deste filme!!!

"- Confias em mim? - pergunta ela.
- Hã?

- Se confias em mim?

- Mas eu nem sequer sei o teu nome...

- O meu nome é Carla. E agora, já confias em mim?

- Wow... calma, as coisas não são assim...

- Então são como?

- Sei lá! É preciso tempo, não é... para confiar em alguém? É preciso tempo.

- Tempo? Para quê?

- Para se conhecer melhor a outra pessoa. Para ver como ela é, para ver que tipo de pessoa é.

- Achas que isso te garante que ela nunca te vai falhar, é isso?

- Nunca pensei bem no assunto... mas sim, acho que é isso.

- Eu acho que a confiança pode ter haver com muita coisa, mas com tempo não me parece.

- Ok, então tem haver com o quê?

- Com sorte.

- Sorte?

- Sim, sorte!

- Não estou a perceber...

- Imagina que nós os dois vamos passar muito tempo juntos, muito tempo mesmo. Tu achas que é isso que vai determinar se vamos ou não ter confiança um no outro?
- Ok, tudo bem, isso já eu percebi. Mas o que é que a sorte tem a ver com isto?
- Eu posso enganar-te ou não. Assim como tu me podes enganar a mim. Nao sei! Não há maneira de prever uma coisa dessas. Percebes?

- Mais ou menos...

- É sempre uma questão de sorte. A confiança, a amizade, o amor, até a morte é uma questão de sorte... tu só podes é decidir se queres ir a jogo ou não. Depois é so deixar os dados rolar..."

Cena do telefilme ALTA FIDELIDADE

diálogo entre Nuno (Pedro Laginha) e Carla (Maria João Bastos)

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sempre gostei deste filme, mesmo sem conseguir dizer a razão principal que me fixa a ele... talvez fosse o tema... talvez o argumento e a forma corrida, familar, despretensiosa, crua, real dos seus diálogos... talvez pela participação do miguel borges (actor fetiche :) ... talvez porque tinha "lugar num lugar" que estava a descobrir na altura, o mitico bairro alto com as suas lojas de vinil e casas de chá (para não falar no apartamento e na vontade juvenil que se tem de ir morar para o bairro)... talvez porque foi o filme certo na hora certa, e sempre que o revejo reacende as mesma emoções...

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tal como agora