quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

R u ready 4 paranoid?

A ver: paranoid park, de Gus Van Sant
pela historia... pela fotografia... pela banda sonora



Durante o filme relembro'me de um texto escrito em tempo que já la vão. Chego a casa e vou à procura. Reencontro-o. Engraçado como a pertinência das palavras é intemporal...

...escrevo pela mesma razão por que algumas pessoas choram, e porque a dor, por vezes, parece que fica mais pequena depois de se contar. Quando se põe em palavras parece que fica mais definida e este vago que me toma é o que custa mais. Em certo casos basta falar, contar a outra pessoa, mas escrevendo as palavras é melhor, põe-se muito mais fora de nós. Eu não sei explicar isto, mas é um fenómeno curioso e que pode ser talvez porque as palavras vão tentando exprimir um sentimento o vão diminuindo para ele caber dentro delas, ou porque na verdade conseguem exteriorizar parte dos nossos sentimentos. Ou ainda pode ser por exprimirem tão pouco. Depois olhamos as palavras com que dissemos essa dor e vemo-la só do tamanho delas. Ou não sei porque será, mas que é certo não tenho dúvida, pois experimentei várias vezes e tenho sentido sempre assim….
...
E com palavras parto.
Com palavras fico.
Com palavras peco.
Com palavras peço.
Com palavras grito.
Com palavras acabo e recomeço.
.
(2000)

Sem comentários: