domingo, 9 de setembro de 2007

Conta-me como foi


"Além do acompanhar das peripécias em que se vê envolvida esta família, a história é também contada pela voz de um narrador que, no presente já adulto, se recorda da infância vivida a partir de 1968, então com 8 anos. A história é contada pela voz adulta mas pelas recordações e olhos de uma criança.
Ao ser contada a história da família, acompanha-se também a evolução social, económica e política do país e do mundo, recorrendo a referências no guião, a arquivos e a reconstituições de conteúdos de rádio e televisão. Acontecimentos marcantes na vida política, social e desportiva em Portugal e no mundo podem ser aqui descobertos, enquadrados com a trama de cada de episódio. Curiosidades, publicidades, programas de rádio e televisão, locutores e apresentadores e as imagens de Portugal em 1968 marcam também presença para serem conhecidos pelos mais jovens e recordados pelos menos novos. Apresentam-se na história a evolução da moda, da roupa aos cabelos, as inovações tecnológicas, novos produtos, publicações periódicas, carros e motas... as coisas de um tempo em que telemóveis com máquina fotográfica não seriam mais do que simples alucinação futurista e em que os jovens pensavam no Festival da Canção em vez de em coloridas séries juvenis.
Conta-me como foi retrata, acima de tudo, o modo de viver e pensar de uma sociedade ainda fechada sobre si, os papéis e as ambições sociais de homem e mulher, de jovens e idosos, os tabus de uma época e a gradual e desconfiada abertura a novas mentalidades..
Conta-me como foi tem o objectivo de retratar, em forma de ficção, a vida e o país desde 1968; sem espírito saudosista, sem abordagens moralistas, sem juízos de valor, sem tomar partido por nenhum lado da história, sem aspirações documentalistas; com a ambição de entreter, com a vontade de mostrar e dar a conhecer o passado, com a certeza de ser uma oportunidade descontraída de recordar, rever e reviver um tempo que faz parte da história pessoal de milhões de portugueses."
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Não sou espectadora assídua do programa, mas quando os meus domingos acabam mais cedo, e dou por mim no fim de tarde em frente à TV, é aqui que termina o meu zapping.
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A série passa-se numa altura que para mim é desconhecida (protagonistas dessa altura foram os meus pais, na flor da sua juventude, ambos eles teens), mas não deixa de ser curioso como tantas coisas que são retratadas me parecem familiares: desde as brincadeiras numa das ruas do bairro onde os carros passavam ocasionalmente, e onde podiamos ser crianças sem termos uma redoma de cristal à nossa volta... as refeições em família todos os dias da semana... a escola onde as aulas tinham regras claras e inquestionáveis, onde o professor (gostando-se ou não) era respeitado por pais, alunos e sociedade em geral........ ou como foi referido no episódio de hoje, onde ter dividas era um vergonha e não uma coisa banal como o consumismo que hoje existe tende a criar. E digo curioso porque só mostra como a evolução neste quintal da europa foi dada em passos muito pequeninos, ao longo da segunda metade do séc XX.
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Não sou saudosista, não quero vender aquele slogan do "antigamente é que era bom". Mas não me passa indiferente este quadro de época, talvez por ver uma quebra tão drástica com o que se passa hoje em dia. Dou graças a esta era moderna em que vivemos agora, onde a tecnologia e a ciência nos dão soluções a apresentam novas possiblidades... mas não me esqueço que como pessoa (cidadã, filha, irmã, amiga, colega) os meus valores foram descobertos e criados tendo por uma base uma educação que hoje existe (em demasiados casos) apenas nos livros de memórias do século passado.
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Sem voz, deixo-vos a sugestão para irem buscar as crianças e assistirem em conjunto esta série portuguesa que fala sobre Portugal. Para perceberem como éramos à não tanto tempo assim ... e depois constatar "quem" somos actualmente, o que mudámos e o que fizemos questão de manter .... e levados pelo embalo da reflexão, que pessoas queremos ser no futuro, e ser relembrados por isso.

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