quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Porque se diz que é uma espécie de ranking

Que fique claro que o Ministério da Educação não atribui um ranking às escolas – ele apenas disponibiliza os dados em bruto à comunicação social e esta, através de empresas especializadas na análise estatística, trata os resultados de acordo com os parâmetros por eles definidos.
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Assim se explica porque razão aparecem publicados 3 "ranking" diferentes, em 3 jornais nacionais (Expresso, Publico e 24 horas), em que nenhum deles é igual nos seus resultados. O tratamento de dados é feito por identidades diferentes e que usam parâmetros diferentes: umas usaram todos os exames, outros só aqueles com maior número de inscrições, outros só aqueles com pelo menos 10 inscrições numa disciplina, etc...
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Factor importante nesta seriação é o facto da maioria dos rankings serem feitos por ordem decrescente, da melhor para a pior, independentemente de nessa escola se terem realizado exames a uma ou todas disciplinas, bem como o número de alunos que cada uma levou a exames. Como é óbvio, o tipo de disciplinas e o número de provas prestadas são factores fundamentais a ter em conta na leitura destes dados. Há escolas que aparecem em lugares cimeiros que apenas realizaram 1 prova de exame (p.e. Esc. Dança Conservatório Nacional Lisboa, 7º lugar do ranking do “Público”, primeiro do ensino público, que apenas realizou prova de Português B por 14 alunos) ou que não realizaram exames de Matemática, Física ou Química (Esc. Sec. Aurélia Sousa, Porto, 11º lugar – escola de artes – onde estes 3 exames não foram realizados) ou ainda que realizaram poucos exames (como o Colégio Mira Rio, ou o Colégio Manuel Bernardes, onde apenas foram feitos um total de 26 exames por 12 alunas!) e que assim estão numa situação diferente daquelas que respondem por um desempenho médio muito bom de centena de alunos, a todas as disciplinas.
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Em tom de resumo, fica aqui uma opinião públicada no Diário de Notícias: "com nove nas dez primeiras, a liderança das escolas privadas no ranking 2007 é inquestionável. Mas é abusiva qualquer leitura apressada que coloque as escolas privadas como naturalmente melhores que as públicas. As primeiras tendem a lidar com elites, tanto económicas como culturais, e são as segundas que enfrentam o desafio do país real. Para perceber que são as escolas públicas que convivem com o ensino de massas basta elaborarmos uma listagem das escolas onde se realizaram mais de 500 provas para se perceber que entre elas (quase cem) apenas existem três privadas e que a melhor não vai além do 4.º lugar. No fundo, até que ponto se pode elogiar o primeiro lugar do Colégio Mira Rio, que funciona em Lisboa e somente para raparigas, e deixar, por exemplo, de sublinhar a qualidade da Secundária Manuel da Fonseca, em Santiago de Cacém, que consegue o 30.º lugar apesar de funcionar nesse Alentejo meio esquecido?"
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Quem não perceber isto terá, seguramente, uma visão distorcida da realidade…e não perceberá nada do que aqui está a ser analisado. Por isso, que se façam entender quando se fala de ranking! Poderemos utilizá-los para análise e compreensão de algumas variáveis, mas não como base para uma reflexão crítica do nosso sistema educativo.
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Esclarecido/a?!

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